Em reunião camarária realizada hoje, foi aprovado, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento de Mário Soares.
A história recordará o dia 07 de janeiro de 2017 como o último dia da longa vida do fundador e militante nº1 do Partido Socialista, figura maior e indelével do socialismo democrático português e europeu, Mário Alberto Nobre Lopes Soares.
Mário Soares é certamente o rosto mais conhecido do regime democrático nascido a 25 de abril de 1974.
Activo apoiante das candidaturas presidenciais de Norton de Matos e Humberto Delgado, defensor de presos políticos e nas mais diversas demonstrações da oposição democrática, Soares foi sempre um adversário temido pelo salazarismo e marcelismo, o que lhe custou a prisão, a deportação para São Tomé e, mais tarde, o exílio em França, entre 1970 e Abril de 1974.
Foi no exílio que escreveu a obra “Portugal Amordaçado” editado em 1972, sendo a Sua obra de pensamento político democrático, nela traçando três eixos centrais e definidores do Seu pensamento: a defesa de uma democracia parlamentar, a descolonização e a adesão à Comunidade Económica Europeia, pelos quais toda a vida lutou e viu concretizado.
Logo depois do 25 de Abril, embarcou no primeiro comboio com destino a Lisboa, que ficou conhecido como o Comboio da Liberdade, tendo chegado à capital portuguesa no dia 28 de Abril, sendo um dos primeiros exilados políticos a regressar a Portugal, na sequência da conquista da Liberdade.
Soares está longe de ser um gerador de consensos, como só acontece a políticos audazes capazes de fazer escolhas difíceis e fazer história. Dificilmente outro político português marcou tanto a vida nacional como o homem que, fundou o Partido Socialista, lutou contra a ditadura, liderou por duas vezes o Governo da Nação, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, eurodeputado e Presidente da República durante dez anos.
É a Mário Soares que se deve a afirmação da vocação europeia de Portugal. Foi dele o impulso para o pedido de adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, formalizado em 1977, e viria a ser ele a assinar a adesão à mesma, na manhã do dia 12 de Julho de 1985, em cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Quatro décadas passadas e os três eixos de pensamento político de Soares são hoje um lugar comum, concretizou-se a descolonização, vivemos em democracia, somos parte integrante de uma Europa unida e cheia de desafios e isto é tão banal como o ar que respiramos. Afinal, muitos de nós não conheceram outra realidade. Vivemos numa democracia parlamentar consolidada, estamos na União Europeia há trinta anos.
Mário Soares é uma figura ímpar e inesquecível da História de Portugal, um combatente pela conquista da Liberdade e pela consolidação da Democracia.
Perante uma vida de intensa atividade política e cívica proponho um voto de Pesar pelo falecimento de Mário Alberto Nobre Lopes Soares, que ocorreu no dia 07 de janeiro de 2017.
Que em caso de aprovação, este voto de pesar seja enviado aos familiares de Mário Soares, ao Partido Socialista Português e à Assembleia Municipal de Santa Comba Dão para conhecimento e fins tidos por convenientes.
Propomos ainda, e de acordo com a alínea ss) do Artigo 33.º Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, Regime Jurídico das Autarquias Locais, a atribuição do nome Dr. Mário Soares a uma avenida desta cidade.
Santa Comba Dão, 9 de janeiro de 2017.
O Presidente da Câmara Municipal,
Leonel Gouveia