Numa relação próxima com a comunidade, a Companhia Trigo Limpo, Teatro Acert trabalhou com figurantes locais (voluntários), para levar à cena este evento de teatro de rua, que começou, precisamente, com um relato sobre a origem de Santa Comba Dão, a lenda de Santa Columba e os elementos que formam a nossa identidade.
Ao público foi contada a história do nascimento de um menino numa aldeia, em risco de morrer. A aldeia estava ameaçada e uma voz autoritária anunciou-lhe o fim por já não nascerem crianças há muito tempo. E quando todos se preparavam para abandonar a sua terra, uma criança nasceu, enfim.
Com uma cenografia baseada em engenhos cénicos de grande porte, que tiveram um efeito visual mágico e imponente, o menino - "o Pequeno Grande Polegar" - foi representado por uma marioneta gigante, que ganhou vida com ajuda de amigos que o manipularam, possibilitando a sua locomoção. Esta pequena criança - que o público viu e sentiu gigante - tornou-se o símbolo dos sonhos de toda uma comunidade.
Brincalhão e traquina, como todas as crianças de verdade, o menino descobriu a sua vocação para a leitura e a escrita, abrindo caminho para o infinito de todos os mundos, possíveis e impossíveis, e até para a transformação do mundo de todos os dias. Foi esse menino, o responsável por despertar vontades que se julgavam abandonadas, recusando a apatia prometida pelo comércio de sonhos vãos e caminhando em direção ao futuro e à vida.
Com a marca de excelência do Trigo Limpo Teatro Acert, a dramaturgia desta peça partiu de várias versões do conto tradicional “O Pequeno Grande Polegar ”, tão presente na memória coletiva, dando lugar a um conto renovado, que cruzou essas memórias com leituras mais contemporâneas.
Muito além da história de um nascimento, o espetáculo trouxe à memória a história de muitas comunidades, a história de muitos territórios do interior, marcados pela desertificação e perda de esperança no futuro, aos quais urge devolver a luz, a alegria e o rumo.
No final, o ator Pompeu José agradeceu à Câmara Municipal de Santa Comba Dão, figurantes, comunidade e público por tornarem possível esta apresentação partilhada, onde não faltou a alegria do riso e a luz da esperança.