Para documento do mês de março, o arquivo municipal selecionou uma deliberação tomada pela Câmara, no dia 27 de fevereiro de 1913 relacionada com a Festa da Árvore, um evento bastante relevante durante a I República. Celebrada em todo o país, a Festa da Árvore foi, igualmente, bem recebida e festejada em Santa Comba Dão, sobretudo no ano de 1913, com uma agenda comemorativa que incluiu plantações de árvores, cortejos e música.
A árvore, como divisa de renovação e estabilidade, associada aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, foi apresentada, pelos republicanos, como um símbolo de valores cívicos e morais, tais como pátria, liberdade, solidariedade ou vida.
Enquadramento
Em janeiro de 1913, a Câmara Municipal de Santa Comba Dão recebia uma circular do jornal O Século Agrícola solicitando auxílio na realização da “Festa da Árvore”. Acrescentava que, apesar de os principais colaboradores serem os professores primários, o empenho das Juntas de Paróquia era importante.
A Festa da Árvore já era impulsionada pela maçonaria no período monárquico mas assume maior destaque após a implantação da República. A árvore, como divisa de renovação e estabilidade, é associada aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e é apresentada, pelos republicanos, como um símbolo de valores cívicos e morais tais como os de pátria, liberdade, solidariedade ou vida.
Um pouco por todo o país, no dia 9 de março de 1913, realizaram-se festas. Apesar de o ponto alto ter sido a plantação de árvores, as festividades contaram também com atividades desportivas, cortejos e música. Foram formadas comissões pela população local para organizar e realizar as festividades, contudo o protagonismo foi para a comunidade escolar, professores e alunos.
As diversas freguesias do concelho de Santa Comba Dão realizaram as suas festas: o padre Francisco Pereira Borges pediu autorização à Câmara para que se plantassem árvores na Avenida, em S. Joaninho; o vereador Jorge de Sousa, na qualidade de membro da Comissão dos Festejos da Plantação da Árvore em S. João de Areias, pediu permissão para que se plantassem árvores no Largo do Chafariz. Na vila de Santa Comba Dão, os festejos decorreram de acordo com o programa publicado no jornal Beira Alta, de 2 de março de 1913: às 6 horas da manhã, após uma salva de 21 morteiros junto à escola Conde Ferreira, a filarmónica 1º de Maio percorreu as principais ruas da vila tocando o hino escolar; da parte da tarde, os alunos das escolas oficiais e particulares plantaram árvores nos largos fronteiros aos Paços Municipais, recitaram poesia, cantaram os hinos nacional e o da árvore, o professor da escola do sexo masculino e o inspetor escolar proferiram discursos após os quais, professores e alunos, juntamente com a filarmónica, autoridades, funcionários públicos e povo em geral seguiram, em cortejo, por várias ruas da vila até à escola Conde de Ferreira onde foi servido um lanche às crianças. Em Treixedo, o programa da Festa da Árvore foi semelhante, tendo o Beira Alta publicado, em 6 de abril de 1913, a conta de receita e despesa da referida festa.
Aceda ao documento do mês, que corresponde a uma deliberação tomada pela Câmara, no dia 27 de fevereiro de 1913 relacionada com a organização da Festa da Árvore: