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O Presente de César no Solar dos Costas - Um memorável abalo de alma

"O Presente de César" - Foto Teatro Viriato Mais do que uma peça de teatro, uma experiência... Mais do que um jantar, um abalo de alma... No ar, muito nevoeiro, cheiro a maresia e a bacalhau, claro!
Depois de ter percorrido oito municípios da região Dão Lafões, a peça de teatro culinário "O Presente de César" chegou ao seu último porto, Santa Comba Dão, com três apresentações no Solar dos Costas - Couto do Mosteiro, vividas num ambiente intimista e partilhado, nos dias 5, 6 e 7 de abril.

 




Encenado por Giacomo Scalisi, a partir do texto original de Sandro William Junqueira, "O Presente de César" -  um projeto do Teatro Viriato / Centro de Artes do Espetáculo de Viseu - contou com a interpretação de Graeme Pulleyn, Sofia Moura e Gabriel Gomes.


O Presente de César" deu a conhecer a história de César Tróia e da sua família. Falou "do bacalhau, o mais português dos peixes que fala norueguês das terras do Demo entre Douro e Dão e dos bancos da Terra Nova, ao largo do Canadá".


Uma das rústicas  salas do Solar dos Costas - marcada por um ambiente histórico e tradicional - foi transformada em sala de refeições. Em cena, três atores, serviram o jantar e a própria  história de César Tróia, uma história partilhada por muitos homens confrontados com  uma imposição: "ou a bem que vai para a guerra [do Ultramar] ou a mal que vai para a pesca". O protagonista "partiu rumo à tempestade. E os que amava ficaram, sem outra opção a não ser esperar".


Mais do que a história de César, contou-se a vida de tantos homens, que - tal como César - embarcaram numa aventura marítima, sem nunca terem estado no mar. Uma aventura sofrida, entre frio, nevoeiro e solidão, que deixou fortes marcas no coração e nas pernas destes homens. E a solidão ficou, para sempre, dentro deles. Mesmo numa casa povoada de família preferiam estar sós, só pensando "em voltar, marear e pescar". 


A história deste "Presente"  foi também a dos filhos e da mulher de César, da saudade, do amor, da paixão, das  paixões, "de homens e mulheres que não tiveram a possibilidade de escolher a sua vida".


Nesta experiência  imersiva, os atores mexeram com o apetite dos espetadores, com histórias de privação e de dor associadas à pesca de um peixe, que foi o ingrediente de todos os pratos servidos durante o jantar. Esse peixe que vem de tão longe e que é presença obrigatória nas casas portuguesas. Mas à privação e dor juntou-se também a alegria do trabalho comum, a confraternização, a dança e a partilha em torno da mesa.

O bacalhau não veio só, fez-se acompanhar de produtos endógenos da região, como o vinho, as migas, o mel e a macã de bravo esmolfe. E esta  festa / jantar / espetáculo / experiência só ficou completa quanto todos os espetadores e atores arregaçaram as mangas e lavaram a louça usada nesta refeição, em mais um momento de partilha.


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