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Associação de Estudos do Baixo Dão promove "Um Café e uma Boa Conversa" em Nagozela

"Um Café e uma boa conversa" em Nagozela

"A Associação de Estudos do Baixo Dão realizou, no dia 21 de Julho de 2019, mais uma actividade de promoção do património do concelho de Santa Comba Dão intitulada “Um café e uma boa conversa”, desta vez em Nagosela, no parque verde junto à ribeira.

 



Nagosela fica no extremo nordeste do concelho e a verdade é que há santacombadenses que não conhecem ou conhecem mal esta aldeia antiga. A Associação, através das suas actividades, pretende também, tendo como pano de fundo o património local, ajudar a estreitar laços e a criar uma maior coesão do território concelhio.

A visita foi preparada com a União de Juntas de freguesia de Treixedo e Nagosela, através da Eng.ª Ana Gomes, e teve a colaboração do sector cultural da Câmara Municipal de Santa Comba Dão.

O Presidente da Direcção, Dr. Pedro Matos, agradeceu a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal, Dr. Joaquim Agostinho Marques, do muito público e fez a apresentação da actividade, para, em seguida, passar a palavra à Eng.ª Ana Gomes que dirigiu a conversa informal. Ana Gomes mais do que uma autarca é uma nagoselense, filha e neta de nagoselenses bem conhecidos na região, que ama a sua terra e se emociona ao falar das suas gentes.

O contributo dos presentes permitiu esclarecer alguns aspectos históricos, sociais e etnológicos da aldeia.

Nagosela é, de facto, uma povoação milenar. O seu povoamento antigo deveu-se à fertilidade dos terrenos e à sua riqueza em água (“o celeiro do concelho”) e, por isso, é estranho que, até ao momento, não se tenham encontrado aqui vestígios romanos como abundantemente se encontraram em S. João de Areias e em Óvoa! No século X, pertencia aos condes de Coimbra, Gonçalo Moniz e sua esposa Mumadona, sendo em 981 doada, em conjunto com outras terras do concelho, através de uma carta em pergaminho, ao mosteiro de Lorvão, antes, portanto, de se ter formado Portugal.

Nagosela ligou-se durante a Idade Média a Treixedo e a Vila Nova [da Rainha], formando o denominado Couto de Treixedo, que em 1133 ia desde o Monte Mouraz (monte de Nossa Senhora da Esperança), Tonda e ponte de Ferreirós do Dão, de um lado, ao castro “Trenium” (Gestosinha) e a Gestosa, do outro lado. Em 1340, pela inquirição e sentença de D. Afonso IV, determina-se que o mosteiro de Lorvão ficaria com a jurisdição cível e o rei com a jurisdição criminal. A aldeia em 1527 era constituída por 27 “moradores”, ou seja, 27 fogos.

Ana Gomes, a partir de um trabalho de compilação de Iracema Dias dos Santos, referiu-se à lenda da origem do nome e, com saudade, ao rancho “Flores do Dão” (ensaiado por Domingos Brinca), ao grupo de Futebol e a outros melhoramentos que ainda estão na memória de alguns, como sejam, a construção do Cemitério em 1942, a inauguração da energia eléctrica, em 1962, e nos anos 80 do século XX a construção da sua Igreja Matriz. Várias vezes foi interrompida durante a sua descrição para esclarecimentos e novos contributos por parte dos presentes que viveram estes acontecimentos na primeira pessoa. O reavivar da memória de tempos antigos continuou durante a visita ao simpático Museu Etnográfico.

Depois da “boa conversa” seguiu-se o “café”. A surpresa é que desta vez o café foi feito numa panela de ferro, à moda antiga, e estava excelente, o que muito encantou toda gente. A acompanhar o café serviu-se um óptimo lanche, que excedeu em muito o que se pretende nestes convívios.

Em seguida, fomos visitar a capela de Santo Estêvão, padroeiro de Nagosela. É das capelas mais antigas do concelho e tem muito que contar… mas fica para uma outra visita a esta terra.

Já no fim do dia, ainda demos um salto à praia da Pena formada numa curva do rio Dão, num dos lados constituída por penedias trabalhadas pelas águas quando aqui passavam revoltosas e, no outro, por uma zona de espelho de água, em frente a uma encosta em penhascos. Enfim, uma das belezas do nosso concelho, com fácil acesso, que deslumbra quem a visita. Certamente que a autarquia não deixará de acarinhar e potenciar este local, referenciado como a visitar, ao que nos disseram, no roteiro da Estrada Nacional 2.

O Sr. Eng.º Mário Silva, na qualidade de Presidente da Assembleia Geral, encerrou a actividade agradecendo aos presentes a forma como receberam a Associação, convidando todos a tornarem-se associados (o que não acarreta custos) e a participarem nas próximas actividades da Associação de Estudos do Baixo Dão.

Bem-haja, povo de Nagosela!"

Texto: António Neves (Vila Deanteira, Jul. 2019) - Associação de Estudos do Baixo Dão
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