Assinado o auto de consignação da empreitada, por pouco mais de 150 mil euros, é altura de avançar com este projeto, cujas obras projetadas abrangem o exterior e uma parte do interior do antigo e icónico equipamento escolar. Externamente vai proceder-se à substituição da cobertura e da caixilharia, bem como à limpeza e tratamento das paredes. Dentro do equipamento, a reabilitação contempla uma das salas aí existentes, que, nesta fase, vai ser destinada à apresentação de conteúdos multimédia e exposições temporárias, servindo de alavanca para a futura musealização de todo o espaço. Na lista de intervenções consta, ainda, a substituição integral das infraestruturas elétricas e de comunicações.
"Este será um local para o estudo do Estado Novo e nunca um santuário para nacionalistas. O que vai ser dado a conhecer é um período de 50 anos da história do nosso país, que teve como figura chave Salazar", afirmou o representante máximo da autarquia. Reiterou, ainda, o que vem dizendo à comunicação social: "De modo algum se pretende contribuir para a sacralização ou diabolização da figura do estadista. Pretende-se, apenas e só, fazer um levantamento científico e histórico de um regime político, enquanto acontecimento factual".
Leonel Gouveia explica que o CIEN é um projeto a consolidar numa segunda etapa da intervenção, estando a musealização a ser trabalhada pelo Centro de Estudos Interdisciplinares do século XX, da Universidade de Coimbra, no quadro de um protocolo de colaboração estabelecido com a associação de desenvolvimento local ADICES. Este projeto conta com o envolvimento dos professores catedráticos António Rochette, Paulo Avelãs Nunes e Reis Torgal. O Centro Interpretativo - enquanto equipamento determinante para o estudo desta época incontornável da história do país - vai ser um dos edifícios da região centro, a contemplar no projeto alargado da "Rota das Figuras Históricas", que abrange personalidades determinantes da história do século XX.
Quanto à escolha da Escola Cantina Salazar para receber o CIEN, Leonel Gouveia é peremptório, afirmando que o edifício escolar, que abriu em 1940 e que se mantém até à época sem alterações dignas de nota, tem as características ideais para receber este equipamento. Aliás "o processo de construção da Escola Cantina Salazar é, a todos os títulos, exemplar do modelo de planeamento, investimento e gestão da escola básica, preconizado pelo Estado Novo. Também o é, de forma marcadamente, evidente, no que respeita à orientação arquitetónica e ao papel ideológico e de transmissão de valores associados a este regime".