
Criada no dia 28 de setembro de 1820, a Filarmónica de Santa Comba Dão festeja, este ano, 200 anos de existência. Duzentos anos merecedores de uma sentida homenagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que endereçou os parabéns à instituição. A mensagem do representante máximo da nação foi ouvida, no passado dia 3 de outubro, em frente à sede da "Banda" por todos aqueles que - com as reservas que a situação pandémica impõe - se reuniram para a cerimónia comemorativa do bicentenário.
A sessão ao ar livre foi marcada por vários pontos altos, pontuados por muita música - denominador comum e força motriz das várias gerações da Filarmónica de Santa Comba Dão. Uma instituição que soube crescer e rejuvenescer em tempos de prosperidade a alturas mais difíceis. Adaptou-se aos tempos, aliando tradição a inovação artística. A procura da excelência, a dedicação e o trabalho são valores que as várias formações e valências desta casa partilham e que estiveram bem patentes no passado sábado, em Santa Comba Dão. Assistiu-se à reunião de uma família com várias gerações de músicos, dirigentes e amigos, em consonância "com o espírito daqueles senhores que em 1820 se juntaram e fundaram" a Filarmónica de Santa Comba Dão, então designada Philarmonica 28 de setembro.
Um dos momentos mais significativos foi a interpretação de uma nova peça musical - uma marcha, da autoria do músico da Filarmónica, José Pedro Morais. Designado "Homenagem a Júlio Ferreira (o Brasileiro)", o tema - que já havia estreado no passado dia 6 de setembro, em Casal de Maria - lembra um dos grandes benfeitores da instituição. Seguiu-se a homenagem a João Pedro Ferreira que comemorou, este ano, 25 anos como executante da Banda - um marco na vida deste músico, gravado numa medalha oferecida pela Direção da Filarmónica. Durante a sessão foram, igualmente, entregues, placas comemorativas do bicentenário ao presidente da Câmara Municipal, Leonel Gouveia, presidente da União das Freguesias de Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro, José Augusto Sousa, ao pároco de Santa Comba Dão e vigário Geral da Diocese de Viseu, Carlos Casal, ao presidente da Sociedade Filarmónica Fraternidade de São João de Areias, Vitor Borges,ao representante da Sociedade Filarmónica Lealdade Pinheirense, André Figueiredo, aos maestros da Banda Filarmónica, Leandro Alves, e do Coro Magnus D'Om, Luís Rendas Pereira, e a um dos executantes mais antigos da Filarmónica de Santa Comba Dão, João Silva.
A sessão foi conduzida pelo presidente da Direção, Daniel Coelho, que - num registo visivelmente comovido - reiterou a importância deste momento de grande significado na vida desta instituição / escola e lembrou que o amplo programa que havia sido preparado, teve de ser adiado, reformulado e/ou adaptado, face ao atual cenário pandémico. Por tudo isso, a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa revestiu-se de um significado especial para a família da Filarmónica, que recebeu um louvor especial do presidente da Direção.Da intervenção do presidente da Câmara, Leonel Gouveia, ficou o paralelismo entre a revolução liberal, que teve entre os seus impulsionadores José da Silva Carvalho, santacombadense de Vila Dianteira, e a criação da Filarmónica, dois eventos ocorridos em 1820. Para o representante máximo da autarquia, a Filarmónica desempenhou e continua a desempenhar um papel determinante "como agente cultural e pedagógico no concelho", lembrando alguns dos presidentes que deixaram marca na instituição. Recordou o "Sr. Franco e David de Oliveira, infelizmente já falecidos, o professor Sérgio Costa, que adquiriu as atuais instalações, Carlos Mota, responsável pela requalificação do edifício, Carlos Viegas, e mais recentemente António Varela, José Canotilho Lage e atualmente Daniel Coelho, que amplificaram o trabalho da escola de música, mas também, e sobretudo, a escola de formação de cidadania para tantos rapazes e raparigas do concelho".
O presidente da Câmara lembrou que, em 2018, foi atribuída a medalha de mérito municipal à Filarmónica de Santa Comba Dão e às duas formações congéneres do concelho, tendo sido, igualmente, aprovada a atribuição da medalha de ouro da cidade, mediante parecer do Conselho Municipal de Distinções Honoríficas.Leonel Gouveia presenteou a Filarmónica com uma salva do Município de Santa Comba Dão, onde se encontra inscrita uma mensagem alusiva ao bicentenário. Destacou, ainda, o facto da autarquia ter enviado proposta para atribuição da medalha de Mérito do Ministério da Cultura a esta instituição "Não perco a esperança de que o ministério da Cultura cumpra a sua obrigação e que a medalha seja entregue pelas mãos da senhora ministra, reiterou. "Nessa data e em cerimónia festiva, também a medalha de ouro será entregue", disse
Seguiu-se a homenagem ao mais antigo executante da Filarmónica, Elói Martins Ribeiro, a quem foi dedicada a marcha"PME [Pratos do mestre Elói]", também da autoria de José Pedro Morais. A este músico icónico foi, igualmente oferecido um livro e a partitura da peça feita em sua homenagem.
A cerimónia culminou com a interpretação do tema Parabéns, seguindo-se uma missa comemorativa do bicentenário, que teve lugar na igreja da Misericórdia.
Atuação itinerante
Da história do dia fez ainda parte a atuação itinerante, pela cidade de Santa Comba Dão, das mais recentes formações que nasceram da Filarmónica - os Taparruar, Band'alhos e SaxMusic - num Momento de Cá especial - "dos nossos, com a nossa gente e a qualidade de sempre".